sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A Felicidade não é deste mundo


Não sou feliz! A felicidade não foi feita pra mim! Exclama geralmente o homem em todas as posições sociais. Isso, meus caros filhos, prova melhor do que todos os raciocínios possíveis a verdade desta máxima do Eclesiastes: “A felicidade não é deste mundo.” Com efeito, nem a fortuna, nem o poder, nem mesmo a juventude florescente, são as condições essenciais da felicidade; digo mais: nem mesmo a reunião dessas três condições tão desejadas, uma vez que se ouvem sem cessar, no meio das classes mais privilegiadas, pessoas de todas as idades se lamentarem amargamente da sua condição de ser.

Diante de tal resultado, é inconcebível que as classes laboriosas e militantes invejem com tanta cobiça a posição daqueles a quem a fortuna parece ter favorecido. Neste mundo, qualquer coisa que se faça, cada um tem sua parte de trabalho e de miséria, seu quinhão de sofrimento e de decepções. De onde é fácil chegar à conclusão de que a Terra é um lugar de provas e expiações.

 Assim, pois, aqueles que pregam ser a Terra a única morada do homem, e que só nela, e numa só existência, lhe é permitido atingir o mais alto grau das felicidades que a sua natureza comporta, iludem-se e enganam aqueles que os escutam, já que está demonstrado, por uma experiência arqui-secular, que este globo não encerra senão excepcionalmente as condições necessárias à felicidade completa do indivíduo [...].
 
Consequentemente, se a morada terrestre está destinada às provas e à expiação, é preciso admitir que existem alhures moradas mais favoráveis onde o espírito do homem, ainda aprisionado numa carne material, possui em sua plenitude os prazeres ligados à vida humana. Por isso, Deus semeou no vosso turbilhão esses belos planetas superiores para os quais os vossos esforços e as vossas tendências vos farão gravitar um dia, quando estiverdes suficientemente purificados e aperfeiçoados.
Todavia, não deduzais de minhas palavras que a Terra esteja dedicada para sempre a uma destinação penitenciária; não, certamente! Porque os progressos realizados podeis deduzir facilmente os progressos futuros, e dos melhoramentos sociais conquistados, novos e mais fecundos melhoramentos. Tal é a tarefa imensa que deve realizar a nova doutrina que os Espíritos vos revelam. (François – Nicolas – Madeleine – Cardeal Morlot, Paris, 1863)

 

Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. V, Bem Aventurados os Aflitos, pags. 63-65.

 

Nota Minha: O sentimento de incompletude acompanhado de uma angústia sem sentido seja em momentos que nós julgamos felizes ou em outras situações muito sofridas, nos mostra que há algo de “errado”. É que na verdade buscamos a felicidade em zonas erradas e que não cumprem senão uma milésima parte perto da verdadeira satisfação de quando encontramos a paz de espírito nas coisas efêmeras da vida. Cito paz de espírito, porque é através dela que chegaremos à tão sonhada felicidade terrestre, pois, numa morada onde as provas e expiações dominam não há a possibilidade - pelo menos enquanto nosso planeta não subir aos degraus superiores da evolução espiritual - de se chegar à felicidade plena, que é, por sinal, desprovida de sentimentos materiais como a ganância e a inveja, por exemplo. Assim sendo, a única possibilidade real de sermos felizes na Terra em que conhecemos é através do uso das leis morais que dizem respeito ao fazer o bem sem qualquer discriminação e à utilidade geral, que trarão, sem sombra de dúvidas, um sentimento de tranquilidade que permeará todo o corpo material e atingirá o perispírito entrando em contato direto com a alma, levando a uma satisfação que se aproximará da felicidade real encontrada nas moradas mais evoluídas. Por isso, a melhor forma de sermos felizes é ter em mente que as nossas únicas construções que realmente ficarão eternamente consolidadas na Terra, e que nos trarão a paz de espírito, são àquelas que dizem respeito ao cumprimento das leis morais principalmente no ramo da Caridade, seja esta material, moral ou diretamente espiritual. O restante se transformará, pois tudo que se encontra em um mundo dominado pela matéria será eternamente modificado e transformado, nada permanecerá com a mesma forma, o diamante se transformará em carvão e o corpo humano em matéria orgânica útil para o desenvolvimento do solo e dos ecossistemas.